OS EQUÍVOCOS DE JOÃO CARLOS PEREIRA E COMPANHIA

O actual treinador da Académica pegou no comando da equipa num cenário extremamente complicado para a Briosa na época passada. Honra lhe seja feita, conseguiu mudar o rumo dos acontecimentos, mudou a mentalidade do plantel e a equipa começou a jogar à bola, conseguindo os resultados necessários para a permanência na Superliga. Tem de se reconhecer o mérito inequivoco de João Carlos Pereira, mas não podemos esquecer a tremenda ajuda de Joeano numa forma excepcional, que infelizmente ainda não demonstrou nesta época. João Carlos Pereira conseguiu atingir os objectivos com um plantel que não tinha sido escolhido por si e que era muito desequilibrado.

Esta época o treinador fez a prospecção necessária, observou jogadores no Brasil e na Europa de Leste, fez as suas escolhas e, certamente, construiu um plantel que lhe dava todas as garantias para uma temporada tranquila, sem problemas de maior. É óbvio que não tem à sua disposição todos os atletas que gostaria, mas isso é absolutamente normal, duvido que haja algum treinador em todo o mundo que esteja inteiramente satisfeito com os jogadores que dirige. E uma coisa é certa, o próprio João Carlos Pereira afirmou que deu o seu aval a todas as contratações.

Por falar em contratações, debrucemo-nos sobre esse ponto. O lugar de lateral direito foi uma das posições que se pretendeu reforçar. Nuno Luís fez uma parte final de época de bom nível mas não se tinha a certeza que fosse renovar o contrato com a Briosa e era o único defesa direito do plantel (se não considerarmos os da equipa B). A escolha de João Carlos Pereira recaiu num jovem brasileiro que veio para se mostrar ao treinador, Bruno Leite. Revelou-se que esta contratação foi um falhanço rotundo. Bruno Leite, apesar de jovem já demonstrou que não tem categoria para jogar na Académica e, para além disso, ocupou uma vaga de estrangeiro no plantel. Ainda no que respeita a esta posição, também foi grave não se ter aproveitado o facto de haverem futebolistas portugueses para essa posição e sem clube, como foi o caso de Rui Óscar que, certamente, poderia lutar pla titularidade com Nuno Luís, ao contrário de Bruno Leite.
Outra posição em que o plantel da Briosa se apresentava (apresenta) deficitário é a de extremo esquerdo (ala esquerdo). João Carlos Pereira resolve aceitar a contratação Rafael Gaúcho para essa posição. Este jogador tem bons pés, tem uma técnica bastante evoluída, sabe marcar lances de bola parada de forma exemplar, no entanto, não é, nunca foi e estou convencido que nunca será um extremo. Rafael Gaúcho é um bom armador de jogo, o que se costuma chamar de um nº 10. Assim, o plantel ficou com mais um médio ofensivo, para somar a Paulo Adriano, Dionattan e, posteriormente, a Ricardo Fernandes, continuando sem ninguém para o lado esquerdo do ataque. João Carlos Pereira continua a insistir em colocar a jogar o Rafael Gaúcho nessa posição com resultados medíocres, como não podia deixar de ser.
O ataque, que já na época anterior tinha sido uma das razões para as dores de cabeça dos treinadores que passaram por Coimbra, não foi reforçado! Apareceu posteriormente o Dário mas, como depois se veio a constatar, com uma lesão cuja recuperação foi bem mais dificil do que foi dito na altura. Delmer, mais um caso estranho de um jogador que chega à Académica lesionado e já perto do final da sua carreira, também não foi, nem será opção para o técnico. Aqui penso que a culpa não foi dele, mas sim da sua "companhia", nomeadamente quem afirmou que Delmer iria estar apto para o início da temporada e que Dário poderia jogar quase de imediato. Quando houve a percepção que o plantel só tinha um avançado (Joeano) foi-se tentar arranjar mais um atacante à pressa. Conseguiu-se que o Manchester United nos emprestasse o norte-americano Kenny Cooper, que se revelou ser um atleta muito voluntarioso mas com uma grande inexperiência e com muito para aprender.
Uma boa contratação neste defeso foi do ala-direito, avançado, Luciano Fonseca. É um jogador que trazia boas referências, nomeadamente, na capacidade de desmarcação e na velocidade, que mostrou quando começou a jogar. Por incrivel que pareça, não tem sido uma opção inequivoca para o treinador. João Carlos Pereira tem feito alinhar o brasileiro aos poucos e muito poucas vezes tem sido titular. Apesar disso, já é o melhor marcador da equipa. No último jogo, começou no banco e quando entrou o ataque mostrou logo algumas melhorias. Porque é que não é um titular indiscutível? Mais um mistério...
Uma outra contratação que se mostrou ser de boa qualidade foi o central brasileiro Danilo. Nos poucos jogos que fez deu para ver que é um jogador de qualidade mas a concorrência para a zona central da defesa é muito forte e não me parece que tenha grandes hipóteses para se afirmar como titular, a não ser que aconteça alguma saída em Dezembro. De referir que o Danilo só foi contratado porque não se tinha a certeza que José António iria continuar a vestir a camisola da Académica.

Enfim, o treinador tem tido muitos equivocos e muitas opções que são difíceis de explicar. A equipa não joga e as partidas fora de Coimbra têm sido extremamente fracas. Parece que não há ambição. Tem de ser feita qualquer coisa. A continuar assim é certo que não conseguiremos atingir os nossos objectivos. A culpa é do treinador e de outros membros do staff que não souberam precaver algumas situações, nomeadamente no que diz respeito a lesões.