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terça-feira, 14 de dezembro de 2004

DEBATE NA TELEVISÃO

Terminou há momentos o debate entre os dois candidatos à presidência da AAC/OAF, no programa "O dia seguinte" do canal RTPN. José Eduardo Simões e Maló de Abreu esgrimiram os seus argumentos quase sempre calmamente e sem grandes rasgos com a excepção do final em que Maló se insurge contra José Eduardo Simões e diz que não admite "graçolas" por parte do seu opositor, chegando a afirmar que "não tenho medo de si, a mim não me pisa". Estas frases têm a ver com a discussão sobre os valores do orçamento, que Maló afirma ser o quarto maior da Superliga, enquanto Simões insiste em explicar que é o décimo ou décimo primeiro. Simões disse ainda que há clubes com orçamentos muito superiores ao da Académica, que é de seis milhões de euros. Segundo ele, o Leiria e o Guimarães, por exemplo, têm orçamentos de oito milhões de euros. Por isso "penso que o Dr. Maló tem um problema de contas, pois oito é maior que seis". Foi esta frase que indispôs o líder da lista B.
No início do debate, o Presidente Interino afirmou que já tem reforços para o plantel mas que os seus nomes só vão ser anunciados depois do jogo com o Beira-Mar. Quanto à equipa técnica, José Eduardo Simões mantém toda a confiança em João Carlos Pereira, mas não exclui que se possam fazer pequenos "reajustes".
Maló de Abreu apresentou a sua candidatura como "um regresso à história e aos valores da Académica". Revelou ainda que se sente triste pela posição actualmente ocupada pela equipa de futebol profissional e disse que é necessário proceder-se a mudanças a nível da direcção do futebol e por isso é que Vítor Manuel o acompanhará. Quanto a reforços, Maló de Abreu anunciou que está "em negociações avançadas" com três atletas que são: César Prates, Calado e Ricardo Sousa. Para além disso, já teve contactos com o presidente do F. C. do Porto no sentido de este poder ajudar a Académica através da cedência de alguns dos seus atletas, tal como aconteceu quando o Dr. João Moreno assumiu o comando da Comissão Administrativa que tomou as rédeas do clube.
Na resposta, José Eduardo Simões considerou que "o Dr. Maló desconhece o fenómeno do futebol porque fala de jogadores sem falar com o treinador, o que denota falta de confiança para com a equipa técnica". Por outro lado, Simões considera que há um perfil para o jogador da Académica. Este tem de ser uma pessoa culta, bem formada, interessada por várias áreas do conhecimento para além do futebol, de maneira a poder interagir com os elementos que já constituem o plantel. A nacionalidade não é o importante. O que importa é se o jogador tem esse perfil ou não.
Para Maló de Abreu, "devem ser dadas ao treinador todas as condições para trabalhar". Ele considera que não há um corpo coeso entre o Presidente da Direcção e a equipa técnica e os atletas. Para Maló, só com esse corpo coeso é que a Académica conseguirá o objectivo da manutenção na Superliga. Maló irá criar essa coesão, irá apoiar a equipa técnica e os atletas no banco durante as partidas. Afirmou ainda que falou com João Carlos Pereira e, por isso, "sei o que faz falta à equipa".
E este respeito, José Eduardo Simões ironizou ao afirmar que " se o Dr. Maló falou com um técnico, então não deve ser o técnico que está a treinar, neste momento, a Académica pois nenhum dos nomes avançados pelo Dr. Maló é considerado como prioridade para João Carlos Pereira". José Eduardo Simões afirmou ainda que a Direcção que ele tem presidido interinamente tem obra feita que demonstra a sua competência e que a Académica "não está numa situação dramática" pelo que com alguns reajustes que por ele serão feitos, o objectivo da manutenção será uma realidade. Segundo ele a Académica deverá manter o Regime Especial de Gestão, rejeitanto "em absoluto" o modelo de SAD. "Os maus gestores é que querem as SADs". Anunciou ainda que pretende criar uma Fundação que irá fazer a gestão do património imobiliário da Académica, que protegerá esse património de possíveis más gestões futuras. Por outro lado, a criação de um Fundo que possa adquirir passes de jogadores para actuarem na Briosa, também será uma prioridade. Estes atletas juntar-se-ão aos formados nas escolas do clube, pelo que a formação deverá ser uma prioridade, pretendendo o candidato atingir a cifra de 500 jovens nos diversos escalões de formação, jovens esses que devem ser "moldados" num modelo de jogo perfeitamente definido e que deve ser o mesmo desde as escolas até aos seniores.
Também para Maló de Abreu a formação será uma prioridade e deve ser uma aposta forte que se demonstra através de acções e não com palavras. Para ele, "a Académica deve ser uma instituição que forme jogadores e homens". Os técnicos da formação devem sentir o mesmo carinho que o treinador da equipa principal, pelo que os salários têm de estar em dia, não apenas no futebol profissional, mas em todas as áreas da Académica. Para Maló, a formação é um investimento em que acredita.

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