terça-feira, 22 de novembro de 2005

CONTAS APROVADAS

Realizou-se ontem à noite a Assembleia Geral que procedeu à aprovação do Relatório e Contas da AAC/OAF, relativos ao exercício de económico de 1 de Julho de 2004 a 30 de Junho de 2005. Foi uma Assembleia Geral com uma participação diminuta por parte dos sócios, o que já vem sendo habitual. Para os que participaram, penso que a compreensão das contas e de todos os elementos que as compõem ficou aprofundada e que todas as dúvidas que existiam ficaram dissipadas, uma vez que apenas três associados, entre os quais o anterior presidente Campos Coroa, pediram a palavra na parte que sucedeu a apresentação das contas por parte da Direcção.

Fazendo um pequeno resumo das explicações dadas pela Direcção, vou-me cingir mais à parte do Passivo, que tantas opiniões críticas tem suscitado, nomeadamente na blogosfera afecta à Briosa. Em primeiro lugar, temos que ter em atenção que as Demonstrações Financeiras se reportam sempre a uma determinada data (neste caso, 30 de Junho de 2005), pelo que um dia depois já muitas rubricas poderão ter sofrido alterações significativas, que só irão figurar nas contas do exercício seguinte. Assim, no Balanço é relevado um Passivo de 10.966.893,52 €, que entretanto já terá sido reduzido substancialmente. Uma das rubricas que mais peso tem nesse Passivo, são as Dívidas a Instituições de Crédito, que apresentam um valor de 1.450.00,00 €. No entanto, segundo a Direcção, deste valor, apenas restarão no momento 375.000,00 € relativos ao remanescente de uma letra avalisada por 40 sócios no início de mandato desta Direcção e que serviu para acorrer às situações urgentes que se depararam na altura aos dirigentes. O restante valor era relativo a garantias que foram pagas directamente à banca pela PPTV (relativo a jogos transmitidos pela televisão) e pela Repsol. No que diz respeito à rubrica Adiantamento de Clientes, que aparece no Balanço com um saldo de 100.000,00 €, foi explicado que se tratava de um adiantamento efectuado pelo Casino da Figueira que entretanto já não é devido pela AAC/OAF. Na rubrica Outros Credores, cujo saldo é de 884.982.90 €, 450.000,00 € já foram abatidos, devido a regularizações efectuadas no âmbito da aquisição da maioria do capital do PROCAC por parte da AAC/OAF. Também é importante registar que dos 782.007,26 € incluídos em Acréscimos de Custos, 565.000,00 € são relativos a custos com o pessoal que já foram liquidados, pois a AAC/OAF tem, nesta altura, todas as suas obrigações em dia, quer com os funcionários, quer com o Estado, quer com a Segurança Social. Nestas circunstâncias pode-se dizer que o Passivo real depois de todos estes acontecimentos ocorridos após a data a que se reportam as contas, será de aproximadamente 7.700.000,00 €, um valor que não é assim tão preocupante se o compararmos com o Passivo registado no exercício anterior, que era de 7.142.218,14 € , e se tivermos em consideração o facto de se ter investido fortemente em atletas, cujos direitos desportivos pertencem à AAC/OAF. É claro que os críticos que sempre olharam exclusivamente para o Passivo para atacarem a gestão da actual Direcção, terão de pensar noutros argumentos porque falar do Passivo, nesta altura, não será muito inteligente se se pretende criticar a Direcção. Ainda sobre o Passivo, houve outra rubrica cujo saldo elevado suscitou a curiosidade dos sócios presentes, que foram os Outros Empréstimos Obtidos, cujo saldo é de 3.676.319,62 €. A Direcção explicou que quando tomou posse (situação que, apesar de tudo, ainda não está totalmente ultrapassada) a AAC/OAF não tinha a mínima margem de manobra para com a Banca. Os Bancos não queriam nem ouvir falar em emprestar dinheiro à Briosa. Nesta situação foi necessário encontrar outros meios de financiamento, nomeadamente o Presidente da Direcção, que, mediante a aprovação da restante Direcção e do Conselho Fiscal, emprestou à Académica 3.509.000,00 €.

Outra explicação interessante dada pela Direcção tem a ver com os direitos desportivos dos atletas, que pertencem à AAC/OAF. Muitos dos críticos têm afirmado que o aumento do Activo provocado pelos passes é virtual, pois o mercado é muito imprevisível e não se sabe qual o valor real desses activos, isto apesar das explicações dadas, como o facto de os passes estarem valorizados ao custo de aquisição e de serem amortizados anualmente consoante a duração dos contratos dos atletas. A curiosidade prende-se com o facto de José Eduardo Simões ter afirmado que em Agosto poderia ter alienado os direitos desportivos de três atletas, encaixando a Académica um valor de 4.700.000,00 €, mas que preferiu dar mais atenção à vertente desportiva. Penso que se poderá, através deste exemplo, ter uma ideia das mais-valias que a AAC/OAF poderá fazer com a venda de passes de atletas. Se esta venda tivesse acontecido, certamente que o Resultado do Exercício económico que está agora a decorrer seria bastante positivo. Ainda mais importante, parece-me óbvio que os mais sonantes nomes do plantel se têm valorizado ainda mais desde Agosto.

O caso Marcelo
também foi trazido para a Assembleia pelo sócio Luís Santarino, que esteve sempre muito activo nas questões à Direcção, mesmo em temas que nada tinham a ver com a discussão das contas. José Eduardo Simões veio desmentir todos aqueles que têm dito que o caso Marcelo se podia ter resolvido de outra maneira e que foi a Direcção que não quis dialogar. Segundo o Presidente da Direcção, Marcelo exerceu o direito de opção que detinha no seu contrato através de uma carta em que exigia que, nesse ano de opção que naquela altura accionava, se mantivessem os valores que estava a auferir até aquela altura, nunca se disponibilizando para reunir com a Direcção. Um vez que o jogador não era opção do treinador, era óbvio que os valores em causa eram manifestamente exagerados. José Eduardo Simões confirmou a derrota na 1ª instância, mas revelou também que a Académica irá recorrer da sentença.

Assim, as contas foram aprovadas. Na minha opinião, esta Direcção está a fazer um trabalho que poderá revelar-se de capital importância para o futuro da nossa querida Instituição. Os investimentos que se estão a fazer irão dar os seus frutos e, consequentemente, a vertente económica e financeira irá evoluir para níveis aceitáveis. No entanto, nem tudo é um mar de rosas. Na Certificação Legal de Contas efectuada, o ROC dá um ênfase especial ao facto de os prejuízos acumulados até Junho de 2005 teram conduzido a um Capital Próprio negativo cuja dimensão pode colocar em causa a continuidade da Instituição. Isto só vem realçar a absoluta necessidade de se continuar com a gestão rigorosa e de aumento substancial dos activos que tem vindo a ser seguida.

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