Monopólio define-se como a situação de concorrência imperfeita, é toda a restrição da oferta ou da procura que acontece quando uma empresa detém o controlo do mercado de um determinado produto ou serviço, impondo, deste modo, os preços ao mercado. Esta prática é proibida pelas leis europeias e nacionais, havendo até uma entidade cujo objectivo é impedir que as práticas monopolistas consigam vingar. A actividade desta entidade tem sido sobejamente publicitada pela comunicação social e, à primeira vista, parece que a sua actuação é bastante incisiva.
No entanto, em Portugal, existe um mundo à parte do restante. O futebol, estranhamente, continua a ser uma outra realidade, um outro "Estado" sem fronteiras nem território, em que uns poucos controlam e mandam nos outros todos. Um exemplo gritante são os contratos para as transmissões televisivas dos jogos das ligas profissionais. Em Portugal só uma empresa negoceia com os clubes, só uma empresa dita qual o valor das referidas transmissões. Estranhamente, ou talvez não, nunca ouvi ninguém (para além dos presidentes de um ou outro clube não estarola, a quem a comunicação social dá o destaque de um quadradinho invisível no meio do jornal, ou a passagem "a correr" no rodapé de um qualquer Telejornal da madrugada) insurgir-se contra este estado de coisas. O que faz a entidade reguladora, o que faz a Assembleia da República, sempre tão atenta a coisas que não interessam nem "ao menino Jesus"? O que faz o Sr. Secretário de Estado do Desporto (eu sei que anda preocupado com outras coisas)?
Já que ninguém "liga" ao futebol, há uma Liga que existe para defender os seus associados, que são TODOS os clubes profissionais! Nos países em que o futebol é realmente um espectáculo assistido por milhões de pessoas, as empresas de televisão (não é só uma) negoceiam com a liga e não com cada um dos clubes individualmente! É óbvio que o poder negocial dos vendedores aumenta exponencialmente deste modo, ao passo que o comprador, para além de ter outros concorrentes interessados no negócio, negoceia com um interlocutor muito mais poderoso. Em Portugal, cada um tem de se desenrascar por si. Os clubes, cada vez mais endividados e sem receitas, uma vez que os "tugas" só querem saber dos seus estarolas e deixam os estádios "às moscas" quase todo o ano, têm nas transmissões televisivas uma tábua de salvação, a única, por vezes. Assim, sem poder negocial e sem o apoio da instituição que existe porque eles existem, os preços são fixados ao belo prazer da Sporttv, sendo uma pequena parte do que deveriam ser face aos lucros fenomenais da referida estação de televisão.
Mas se são os clubes que mandam na liga, porque é que isto não muda? Já houve várias propostas, nomeadamente da Académica, para passar a ser a liga a negociar e a gerir os dinheiros que vêm da televisão, mas há três pançudos, três cancros do futebol português que não querem que isso aconteça. São três estarolas que minam a saúde cada vez mais frágil do futebol nacional. São os únicos que têm algum poder negocial e ficam com quase tudo do pouco que se paga pelo futebol em Portugal, ao passo que os outros, sem dinheiro, baixam a cabeça e, de mão estendida para os três mafiosos, esperam por umas migalhitas e calam-se a tudo!
E assim continuamos alegremente a engordar três pançudos como se fossem porcos para a matança, mais o "gajo do charuto" e o ex-seleccionador, até ao dia em que os três pançudos rebentem de tanto comer ou até ao dia em que eles fiquem a jogar sozinhos num magnífico campeonato a trinta voltas! Enfim...
3 comentários:
Como os estarolas já aí vêm feitos virgens, eles que olhem para o que se passa na competição das mais bem organizadas no mundo...a NBA e aprendam que para haver competição, tem que haver igualdade no tratamento de TODOS os participantes.
Como os estarolas já aí vêm feitos virgens, eles que olhem para o que se passa na competição das mais bem organizadas no mundo...a NBA e aprendam que para haver competição, tem que haver igualdade no tratamento de TODOS os participantes.
Pedro,
Confesso que esta questão dos direitos televisivos é daquelas coisas que me metem impressão no nosso futebol nacional, em que todos andam sem dinheiro excepto ... uma empresa que compra e depois revende com lucro a canais de televisão. Acho que Portugal é um case study neste aspecto onde uma empresa sem uma única câmara de televisão e sem conteúdos faz fortuna com direitos televisivos.
Quanto ao assunto, acho que cometes um erro de apreciação. Quem é responsável pela situação são os outros 13 (ou 14, porque creio que o SCP também já não têm poder negocial) clubes que se vendem por meia dúzia de jogadores emprestados e pelo cash advance que os direitos televisivos dão.
Recordo-te que já foi negociado dessa forma e depois houve um clube (UDL) que bateu o pé e quis negociar sozinho os jogos, porque diz ele, recebia mais assim.
A proposta da Briosa na LPFP, também não foi rejeitada apenas por 3 clubes. Foram bem mais que a rejeitaram.
O principal óbice da negociação conjunta é saber quanto é devido a cada clube. Na UEFA, há métricas e, por exemplo, Braga e SLB não vão ganhar o mesmo do market pool de publicidade. Como a UEFA negoceia MUITO bem, ninguém levanta ondas mesmo que ache que devia ganhar mais ou menos do que aquilo que é dividido.
Em Portugal, não só o contrato conjunto será sempre mal negociado (com vários decisores a meter milhões ao bolso) como depois todos os clubes vão protestar com todos justificando que deveriam todos ganhar o mesmo.
Em cima desse market pool de publicidade há também um bónus pelos pontos conquistados o que faz com que as equipas se empenhem mais um bocado mesmo em jogos que pouco interessam. Em Portugal conseguiu-se implementar esta última parte na Taça da Liga, mas duvido que alguma vez isso chegue a ser feito no campeonato.
Resumindo - clubes como a AAC, VSC, Nacional, Marítimo, Setúbal, etc.. têm muita responsabilidade no facto de serem roubados ano após ano. Quando um Presidente destes clubes fala em mudar algo, lá aparece um conversa persuasiva, uma promessa de empréstimo de jogadores, uma adiantamento de receitas televisivas e o caso continua na mesma.
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