quinta-feira, 16 de dezembro de 2004
PARA MALÓ, EQUIPA QUE PERDE É PARA SE MEXER
O candidato à presidência da AAC/OAF, Maló de Abreu, deu hoje uma entrevista ao jornal "Record", que se insere na recta final da campanha eleitoral para as eleições que se avizinham.
A entrevista começa por tentar relevar as diferenças entre a actual gestão da Académica e o que preconiza a candidatura de Maló de Abreu. Neste sentido o candidato acha que "podem encontrar diferenças fundamentais. Por um lado, a Académica só é Académica se valorizar aquilo que a diferencia dos outros clubes. Há que estar no futebol como profissional mas destacar as peculiaridades que tornam a Académica tão especial e tão diferente. O eng. Simões, candidato da outra lista, acha que a Académica deve ser em tudo igual aos outros clubes. Não é só uma camisola ou um emblema, mas toda uma história, uma memória, que fazem com que não se perca a identidade. A outra grande diferença diz respeito ao futebol e à ambição do clube. Comigo, equipa que perde é para se mexer. Em termos desportivos, a Académica é uma equipa perdedora, que luta para não descer de divisão. Nós queremos uma equipa ganhadora, ambiciosa, que lute pelos lugares de cima e não esteja constantemente a lutar para evitar a descida".
Quando questionado sobre o facto de ter anunciado reforços para a equipa de futebol profissional e se essa actuação não pode ter levado a um menor rendimento da equipa, Maló de Abreu respondeu que "não. A tomada de posição do eng. Simões é no mínimo estranha, para não dizer outra coisa, quando me acusa de ser o responsável pelo último lugar actual. O treinador até já disse que a campanha não perturba a equipa. Parece-me um candidato desesperado, que se desresponsabiliza das coisas que faz e tem falta de consideração pelos jogadores e pela equipa técnica. É uma ofensa à inteligência dos sócios. Foi ele que dirigiu a Académica no último ano, não eu; foi ele que se incompatibilizou com metade da Direcção; foi ele, não eu, que marcou a data das eleições para agora, e não podíamos deixar de discutir questões concretas relativas ao futebol; foi ele que fez a equipa e foi ao Brasil buscar jogadores; finalmente, foi ele a pessoa proibida pelo treinador de entrar no balneário. Este perfil é, no mínimo, estranho. Como é estranho que tenha vindo dizer que gastei cinco vezes mais do que o orçamentado com o meu trabalho no basquetebol. Tenho muito orgulho do que fiz e até entrei com o dinheiro necessário sem pedir nada em troca. É falso, é uma calúnia, e esse assunto vai ser tratado a partir de segunda-feira no local próprio, o tribunal.
No que respeita ao que a lista B preconiza para o futebol da Académica, o médico afirma que pretende "uma revolução tranquila na Académica toda. Em relação ao futebol, há que perceber o que é prioritário para assegurar a manutenção, e não lutar pelos lugares europeus, como apregoa o outro candidato. Precisamos obviamente de reforçar o plantel. Há três jogadores já negociados e outros em fase de estudo. Já conversei com o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, para receber alguns jogadores que gostaríamos muito.
Quanto ao número de atletas do plantel, que depois dos reforços se poderá tornar incomportável, Maló de Abreu diz que tem de "pensar bem nesta paragem. Equacionamos reduzir o plantel, mas teremos o mês de Janeiro para isso".
Também a questão do Director Geral, António Simões, veio à baila, com o candidato a afirmar que "depois daquilo que ele disse, se não tiver a hombridade de se demitir, demito-o eu. Aliás, já tenho uma pessoa, o Vítor Manuel, que irá gerir a área do futebol, como director técnico. Mas continuo a dizer que o nosso objectivo não é chegar e rasgar contratos".
Será que o treinador João Carlos Pereira merece a confiança do candidato? A este respeito, Maló de Abreu foi claro: "O treinador é para manter. Ele quer trabalhar, quer a equipa reforçada e quer formar um grupo competitivo. Só com um espírito ganhador podemos sair desta situação em que nos colocaram".
Na área financeira, as primeiras medidas a tomar pelo candidato da lista B será a profissionalização do Vice-Presidente Administrativo e Financeiro, Dr. Bacelar Simões, que tem como principal objectivo baixar o passivo de sete para cinco milhões de euros em três anos.
Quanto ao facto de querer reduzir o passivo e, ao mesmo tempo, cumprir o orçamentado, Maló de Abreu afirmou que "actualmente, temos patrocínios como o da TBZ, o da Sport TV, mais os patrocinadores regulares. E estão dispostos a continuar. Em dinheiro antigo, temos garantido um milhão e duzentos mil contos, seis milhões de euros. Não ficamos longe de um valor de um milhão e trezentos mil ou um milhão e meio. O problema está depois na capacidade de obter verbas suplementares para obras e reforços do plantel. Para isso, podemos melhorar os patrocínios e alargá-los à formação, que actualmente não tem nenhum. O patrocínio da equipa principal ronda os 175 mil euros e está desajustado. Pretendemos um reforço substancial nessa área. A nossa ideia é associar a marca Académica à marca Coimbra. Numa conjugação de esforços de muitas entidades da área metropolitana, podíamos promover a cidade nas camisolas. A proposta foi feita à Câmara e está a ser discutida. Seria o orgulho da cidade e do clube". Quanto à questão de a sua mensagem estar a ser bem entendida pelos sócios, o candidato acha que "é difícil estar na oposição, porque há que lutar contra o poder instituído. É um momento decisivo na vida da Académica, como nós a entendemos. Precisa de ter história, passado, memória, e não como agora, que parece ter começado ontem e é igual aos outros. Não abdico de dizer "presente" neste momento e acho que ninguém deve deixar de o fazer".
No que respeita à formação e à Academia Briosa XXI, Maló de Abreu pretende "terminar estas obras até ao final da época. Mais tarde vamos alargá-la. E o investimento na formação terá de ser redobrado, porque o orçamento não chega hoje aos três por cento do global, e precisa de ser de dez por cento. Queremos ainda criar uma escola profissional de desporto, uma inovação em Portugal, com equivalência ao 12.º ano e horários adaptados aos treinos. Os jovens seriam seguidos de perto e teríamos a formação deles enquanto atletas e homens, um dos traços distintivos da Académica".
Quando questionado sobre que modelo de gestão prefere para a Briosa, se a SAD ou o Regime Especial de Gestão, Maló de Abreu defende que "a questão do modelo de gestão deve ser discutida pelos sócios. Não podemos ter ideias fixas e precisamos de saber que a Académica está agora num momento decisivo. Não serei dono e senhor do clube. E até já temos uma pessoa, o dr. Álvaro Amaro, que irá coordenar toda a discussão sobre o modelo de gestão. Na minha opinião pessoal, seria preferível optar pelo REG, mas criando uma fundação para gerir alguns dos negócios do clube".
Maló de Abreu não limitou as suas acções de campanha a esta entrevista. Ontem, compareceu perante os jornalistas fazendo fortes críticas ao seu adversário nestas eleições. Segundo Maló de Abreu "desde domingo, José Eduardo Simões mudou a sua postura e eu sei porquê, pois ele tem medo do inquérito que quero fazer à sua gestão. Desminto categoricamente as referências que José Eduardo Simões fez em relação à minha passagem pelo basquetebol e segunda-feira farei a questão chegar aos tribunais. José Eduardo Simões tem espezinhado muitos dirigentes, treinadores e jogadores, mas, desde domingo, caiu-lhe a máscara. O fundo de investimento que ele quer criar é uma SAD camuflada. Não entendo 44 jogadores em dois anos, não entendo o último lugar na SuperLiga, não entendo a contratação de jogadores como Vargas e Flávio Dias e de um treinador como Goicochea. Sempre disse que não rasgarei contratos, nunca contactei com nenhum treinador e até tenho aqui uma mensagem de João Carlos Pereira [treinador da Académica] a agradecer o apoio que lhe tenho dado. Vou querer conhecer os contratos dos jogadores Dionattan e Filipe Alvim e os números da transferência de Fouhami". O candidato continuou, agora para falar do plantel do futebol profissional, propriamente dito, afirmando que "quero ficar com o Dário até 2007 e já pedi para que se iniciem as conversações com o Al-Jazira [clube árabe detentor do passe do moçambicano]. Tenho um princípio de acordo para a renovação até 2008 dos jogadores Zé Castro, Nuno Piloto e Sarmento e tenho o acordo fechado para a contratação do César Prates, do Calado e do Ricardo Sousa. Falei com o presidente [do FC Porto] Pinto da Costa, a quem pedi dois jogadores e ele garantiu-me que a Académica terá direito de preferência sobre a lista de dispensas do FC Porto. Um dos jogadores que pedi foi o Hugo Almeida e estou certo de que ele virá, tal como o Maciel".
Publicada por
Pedro Santos
às
12:19
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