A mítica claque da Briosa celebra hoje o seu 26º aniversário.
Hoje pelas 20:30 num estabelecimento de restauração do Estádio Cidade de Coimbra decorre o jantar comemorativo.
Amanhã a festa decorrerá também no ECC, mas nas bancadas, no jogo frente ao U.Leiria com início às 20:15. Para quem ainda não é sócio, há a promoção de 5 bilhetes por 5€.
Aqui fica uma entrevista do Diário de Coimbra ao líder da claque:
DIÁRIO DE COIMBRA Como está a Mancha Negra aos 26 anos?
JOÃO PAULO FERNANDES A claque não vive dos momentos mais elevados. Acompanha também um pouco aquilo que vai acontecendo no mundo da Académica. Tem sido difícil cativar e captar novos membros, embora as condições de acesso à Mancha Negra sejam acessíveis. Hoje em dia, um investimento deste tipo também pesa no orçamento familiar e isso tem levado ao afastamento de algumas pessoas. Alguma malta da “velha guarda”, que era também o pilar da claque, afastou-se um pouco, porque o custo de vida aumentou. Mesmo assim, no panorama nacional vivemos um bom momento: comparando com outras claques, a Mancha Negra demonstra que está viva. Além disso, temos uma sede que faz inveja a muitas claques, embora haja alguma frustração por as pessoas não a frequentarem tanto como desejaríamos.
Sempre fizeram ponto de honra que quem entrasse para claque teria de ser sócio do clube.
Sim, mas ultimamente tivemos de inverter essa política. Começámos a notar que há muita dificuldade em pagar a quotização da Académica. Não é fácil chegar ao pé de um jovem e dizer-lhe que para ser sócio da claque tem de pagar 60 euros de quotas da Académica e 25 da Mancha Negra. Assim sendo, optámos pelo caminho inverso e as pessoas vão-se apercebendo que é mais fácil ser sócio dos dois do que andar a comprar bilhete jogo a jogo.
É caro ser sócio da Académica?
Depende da perspectiva. Na minha opinião, 120 euros por ano não considero que seja caro. Agora, tendo em conta o panorama nacional, apercebemo-nos que nos três clubes denominados grandes paga-se quase tanto como nós, mas os objectivos são bem diferentes. Mas também acho que se queremos outros objectivos, temos de participar e pagar. Seria importante o equilíbrio entre o que se deve pagar em função de quais são as metas do clube.
É prejudicial familiarmente, profissionalmente e financeiramente, estar à frente da claque?
Como presidente da claque tenho de dar muitas vezes a cara e é difícil quando somos discriminados. Já senti que na minha empresa não fui promovido por ser da Académica, de Coimbra e pertencer a uma claque. Já fui afastado de participar no Euro 2004 porque pertencia a uma claque. Portanto, é complicado. Também é difícil chegar a um determinado local e sentir que da outra parte, no caso das autoridades, conhecem a nossa vida de trás para a frente. Todos os elementos da claque que no ano passado participaram em todos os jogos, exceptuando a ida à Madeira, pagaram cerca de 80 euros só em viagens. A isto acresce 120 de quotização no clube e 25 de quotização na Mancha Negra. Estamos a falar em números à volta de 500 euros anuais, exceptuando as idas à Madeira.
É compensador?
Às vezes pensamos, por exemplo, o que é que nos leva a uma sexta-feira meter meio-dia de férias para ir ver um jogo? E de uma equipa que não ganhava desde Novembro! É isto que acaba por ser um pouco irracional. Mas o que nos faz correr é o amor a uma causa, que é a Académica. Além disso, também há um espírito de amizade e união que também nos motiva.
Não é normal uma claque sobreviver 26 anos.
Não é, de facto. Então, na cidade de Coimbra, em que as coisas duram pouco, muito menos. Nesta cidade há pouco dinamismo e o associativismo é fraco. É um sinal de que também somos cada vez mais importantes no seio da Académica.
Vê-se cada vez menos gente a ir ao futebol. Gostavam de ter uma responsabilidade maior em inverter esse cenário?
Já comentámos entre nós que gostaríamos de explorar uma bancada jovem, como a antiga “central B”. Com isso, trabalharíamos junto das faculdades, dos pólos, das escolas secundárias e das preparatórias. Muitas vezes esquecemo-nos dos miúdos de Coimbra. Isto porque as pessoas, quando chegam à Universidade, já vêm com a ideia pré-concebida, porque são de um dos três “grandes”. No preparatório e secundário ainda conseguimos trabalhar a mentalidade dos miúdos. Se a Académica trabalhar esse segmento de mercado, certamente que, no futuro, muitos deles serão só da Académica. Está na altura de criar um sector de 2.000 lugares fixo para toda a época, onde as pessoas vão comprando bilhetes pontuais, para estudante, a preços baixos. As pessoas, aos poucos, vão ganhando o hábito de ir ao futebol e acabam por fazerem-se sócios. O que é que falta? Falta um clube mais competitivo em termos desportivos e que os jogos sejam a horas mais decentes para as pessoas poderem ir ver. Mas este é um problema geral do futebol português.
Mas é admissível ter um estádio com capacidade para 30 mil pessoas que nem 10% da lotação consegue ocupar?
O problema é que o estádio não está bem dimensionado para a realidade da cidade de Coimbra e da Académica. Temos um estádio de 30 mil lugares e 9 mil sócios e, por isso, o que é que levará um sócio a querer um bilhete de época? Ele sabe que, mais tarde ou mais cedo, tem sempre lugar. Se tivéssemos um recinto de 12 ou 15 mil lugares, como o do Gil Vicente, isso obrigaria as pessoas a ter bilhete de época e a participar mais activamente.
Qual é o peso que a claque tem na Académica?
Há tempos disse aos membros da claque que nós temos de reflectir bem, sempre que entendermos exprimir uma opinião. Primeiro, porque podemos pôr em causa a opinião dos 450 sócios da claque, que podem pensar de maneira diferente. Infelizmente, a Mancha Negra tem tido o poder para dizer se há ou não quorum nas assembleias gerais, porque quando os membros da Mancha não podem ir, muitas vezes não há quorum. Nas eleições não sei se a claque tem ou não poder. Mas pelos que temos visto da participação nos diversos actos eleitorais, se todos os membros da claque fossem votar, podiam fazer a diferença.
E isso é normal?
Não, é anormal.
1 comentário:
Parece que o JES não está sozinho na questão do estádio novo...
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